sábado, 7 de fevereiro de 2009

Mareou (Quadratura)




Texto de Grazzi Yatña



Francamente? Não.O café sempre é servido meio frio já, como se no intervalo entre colocar água na chaleira e acender a boca do fogão, o gás escapasse todo.E você sabe mais do que ninguém como o chá para a classe média representa um ótimo escalda-pés.Não que eu não faça grande diferença em praticamente tudo, mas e daí, não é mesmo? O caso é que eu não sei realmente de que porra você está falando quase nunca e mesmo assim sempre acerto as quinas acumuladas.E antes que você diga que o inverso também acontece, eu digo que isso seria possível se não fosse por um detalhe: O inverso sou eu.Isso é o fim da picada para alguém que já tem mais do que recordes batidos e tem plena convicção de que o imponderável é nunca ter conseguido dinheiro suficiente para comprar uma máquina de lavar com centrífuga à vista. Confesso que admiro quem consegue ler praticamente todos os livros até o final e ainda sem bocejar. Mas só os que, nesse intervalo, nem respiram.Lembro de época em que determinados homens eram escolhidos a dedo por algum dado pirotécnico lançado verticalmente nas matriarcas do cu do mundo enquanto eu apenas não tinha nascido. Enquanto você escreve e lê amores, eu lavo e espremo a roupa suja na mão e ainda com um certo ar contrariado que nem me convence. Sempre serei neta de lavadeira.Chacot pra mim é bosta. Berlim é bosta. Pensando bem, você é um bosta. Não que eu fique muito atrás disto também, afinal tenho tanta preguiça desse lance homens-mulheres. Quando penso nas besteiras enormes que fabricam casais a granel tenho até urticária. Afinal é isso que são homens e mulheres, né? Um monte de frescura intercalada com grandes ares de sabedoria messiânica gay, variando quem dá o rabo pra quem de hora em hora pedindo bis.Mas ficam adoráveis lembrando de alguns sorrisos sem autógrafo.Pensando bem, nada disso.Chacot me lembra chacota, de Berlim lembro de "Asas do desejo" (era em Berlim, não era? Se não foi passa a ser agora). Porra de filme desgraçado que me fez sentir uma rolinha manca e que prometi assisti só uma vez por ano, todo o resto da minha vida.No dia em que uma mulher nascer perdoada por ter um lindo sorriso, eu chuparei picolé de café, nua, no polo norte.

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