terça-feira, 26 de maio de 2009


Grazzi

Desatolou poeira acordada num lugar antes da trilha.Lancei diferença de freio em flecha.Pingou livro e anotei desprezo no poema, um épico assaltou a chuva e foi mais por menos bem lascada.Quem sabe caduque permissão de atalho, a lama.

domingo, 24 de maio de 2009

Paulo Castro - Camadas.


Camadas.
Você é feita de camadas. Tal qual eu. Todos.
Mas quem ficaria assim com o osso do pé forçando a pele,
ao se esticar,
molhando samambaia ?
Quem mergulha em um lado da piscina,
para emergir do outro, saindo da água já de olhos abertos e em mim, pulo instantâneo, eu.
Camadas que começam, atingem um centro e recomeçam.
Barriga é costas.
Costas e terra. Barriga e sementes.
Mas tem o algo que se diz perdido, para sempre, arrematados curáveis de criar uma história
em que se possa viver dentro dela, sai das costas a terra, T.S. Elliot viveu pouco demais - mesmo tendo sido assim tão velho - para jogar sobre águas e samambaias,
os pés da força e da água em posse,
acusação de que somos Homens Ocos.
Você não se interessa quando falo de T.S. Elliot, ou dos lugares secretos ainda onde hoje vivem chamas romanas, imemoriais salivas sutilmente perfumadas,
mas caminha pelo quarto do hotel, sabendo que sei e que olho,
a dança da pintinha em seu ombro,
metonímia desejante que fode com a teoria das camadas,
acaba com os poetas impotentes,
e redireciona minha fisiologia para as fumaças que escapam
pela porta do banheiro,
de seu banho quente,
em que lava o meu sêmen meu como - imagino - teu & a coisa mais-natural-do-mundo,
enquanto camada boca, camada língua,
assobia daí uma canção que me faz
sorrir,
misturar-me ao forno ventre,
acender um cigarro e aguardar o momento mais displicente em que
jogará o roupão de banho sobre a cama
para poder me falar algo assim:
- Adoro peles felpudas e, venha, adoro sua nudez.
º