quinta-feira, 23 de julho de 2009

PAULO CASTRO - Arma do Sexo.


Próximo da meia noite você me aponta uma arma do sexo.
Bem perto da meia noite eu encho a boca de comprimidos,
com cuidado para não derrubar nenhum,
são lindos, perolados e rosas,
tenho gatos e cachorros em casa,
mas um tanto antes eu abri aquela garrafa de vinho que comprei com meu primeiro, porra,
meu primeiro salário,
e desde essa época ( eu usava uma gravata borboleta e me abaixava com os comparsas para beber no gargalo o que tinha de mais caro no bar),
bem assim desde essa época, ou um pouco antes,
eu já sentia o útero crescer entre meus pulmões.
E hoje já é amanhã e você vê a garrafa vazia de vinho,
tua arma de sexo filmada em labirintite,
e me diz: - Seu sedento !
Brinco com alguma coisa em sua bunda,
e digo que você ainda nem existe, o que é uma tremenda pena,
mas a polícia da arma do sexo tenta sentir cheiros de xoxotas
na minha cama de casal,
e comparar uma com outra, se foram juntas, em sequencia,
se gozei mais com essa do que com aquela,
se o gozo com você e sua
a sua xoxota, vai apagar de mim como um tiro de arma do sexo,
todas as lembranças e risadas junto aos comparsas,
exatamente essa polícia do sexo que faz com que você não exista
e eu possa mesmo assim brincar em lhe enfiar o dedo no rabo
e ser gostoso, mesmo que sua bunda ainda seja linhas pontilhadas
contendo uma carne desarmada, sedentária,
fora os exercícios anaeróbicos ridículos por definição
e algum David Bowie da fase boa,
mas isso foi muito antes da meia noite de hoje
da meia noite de ontem & amanhã,
e toda massa incluída, com suas xoxotas e meus choros deitado no chão, em uma cama de hospício, em camas de hotéis caros que nem me lembro mais e a irmã de um amigo que conta que naquela época, sempre bem depois da meia noite, eu chegava bem louco de cocaína sei lá e exigia quartos presidenciais e que a condição era terem vista pra piscina e tocadores de discos, que eu queria que todo o hotel tocasse as minhas músicas para você bem ver como apenas algumas meia-noites tornam um cara razoavelmente legal em um babaca total. E boa época de David Bowie ainda, convenhamos, até combinando com sua arma do sexo, e com essa maneira de ser sedento e carregar atemporalmente um útero entre os pulmões.
Toda essa conversa parece te enternecer muito e até você dá risadas, enfim, um sucesso de aeroporto, mas tenho que calar a boca completamente pela questão da polícia da arma do sexo exigir que você me faça engolir a sua xoxota, os pentelhos aloirados entrando no meu enorme nariz, um acesso de tesão e náusea, mas é o que a psicanalista armada sexualmente, uniformizada de banca de jornal & revistas liberais exigiu-te, bem na meia noite, ou um pouco antes ou depois dela, sedento ontem ou depois dela, você ou outra, você é em mim outra de si mesma e isso é a única explicação para seu amor por, caramba, por mim.
Me parece tão absolutamente óbvio o fato de sermos molestados ao nascer que não posso entender tamanha meia noite com guardas. E gostamos, apesar. Sedentos, contudo.
O fato é que pérolas e rosas fazem o efeito e não posso mais, nada mais, além de dormir o sono proibido, pedir que você entenda que em todo encontro a graça está nos desencontros ( esse filme joinha passando na televisão em "MUDE" às custas da ausência de abajour), que essa é minha maneira de ver a vida e que isso já está um pouco difícil de mudar, que fosse a lua, entretanto.
Você também quer contar uma história, se fazer interessante ( outra dica da pedagoga da arma do sexo), mas peço que apenas fale, me olhe e como nos desenhos animados antigos, musicados livremente, siga as bolinhas saltitantes do tempo em rádio relógio.
Logo mais,
, memória adiante,
será meia noite e toda a vida que a cerca em círculo foragido.
º

15 comentários:

  1. poesia bonita...delicada, sensível...e uma arma na cabeça do que é mais consistente que a razão. e a tristeza, a solidão, o amor que não pode, o sexo que devia...devia? tudo ali. e rosa, e pérola e durmo no útero-concha, no ninho, no não. a luz morre terna num fósforo de becket, incomunicável. adorei.

    bel.

    bel.

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  2. Vcs dois são nojentos cercando um ao outro entrepalavras babadas como dois vermes rastejantes nocio.tagmata e arma do sexo?Émuita merda
    Doentes!Tomem vergonha na cara.

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  3. Não tenho mais idade pra isso, Anônimo, mas : AHAHAAHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHAAHHAHAAHHAHAH, ai, ai, minha artrose.
    º
    Paulo Castro.
    º

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  4. Ou sai armado pra guerra ou não fica pra festa.
    A arma poderosa apontada pro nariz sedento do aroma da rosa que mata o efeito de outras drogas utilizadas ontem com olhares perolizados.
    É sempre igual, entretanto temos 4 luas.
    Amor, Paulo, amor.
    Pra variar, Ótimo!
    &

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  5. ass: Grazzi,TAGMATA! hauhauhauhau

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  6. Mas..putz..até esqueci o que ia comentar do texto.
    Heins? Cuma? Nem perdi a viagem, anônimo!Gozei de rir (horrores)huahuahauhau

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  7. Meias noites. Portais.
    De concreto,
    só a nova oportunidade de dar asas
    a promiscuidade deliciosa de palavras paridas por um útero entre os pulmões
    a dor desse parto é vigiada pela polícia do sexo:
    Ciúmes. Esse ente que quer se reconhecer no DNA do nascido,
    Ou na voz feminina e terna que o embala,
    voz de quem criou o hábito de cantar a plenos pulmões uterinos
    Assim nasceu a outra de si mesma,
    molestada pelo ventre ungido
    de oxigênio do ninho de pulmões e coração
    Desse aconchego,
    nasceu o amor,
    da outra de si mesma, por vc.
    O tempo passou, engessamentos.
    Mas apesar desse (dis/de)curso rígido,
    um útero nasceu grávido de perspectivas entre pulmões
    E esse parto desarmou aquele policiamento...

    Beijo Pink entre os pulmões...

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  8. Delícia, Pink !!!
    E todo gesso deixa o membro precisando de cuidados.
    Beijos.
    º

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  9. Achei ternamente objetivo.será que pode?
    E de repente pensei na prisão do feminino ente escritor, seja homem ou mulher quem escreve.
    Sempre esbarro na polícia do sexo.hihihi

    Grazzi

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  10. lendo o texto... ovulei entre as amídalas (minhas) e contrações uterinas me indicaram o caminho: goze entre palavras bukowisky e delirios caio fernando abreu que chacoalham e jorram do sexo arma de um certeiro paulo castroº.

    e isso significa que eu adorei!

    (sheyladecastilhoº

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  11. O controle, sempre o controle!!
    Esse penar entre gentes leva a um cansaço que esvazia a alma... Disputas com ponto de chegada na solidão. Gostei bastante, Paulo. Alguns textos precisam ter cheiro, os teus tem. Entendes?
    Beijos, Dani.

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  12. Não fuja não mate não morra.
    Um James Bond no amor - este é o homem.
    Embora nem se toque disso.
    Meias noites são latitude ou longitude?
    Os dois.
    Porque tudo é tão...

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  13. vou atirar....porra o pente está vazio, evasivo a pentear fios aloirados. que porra é essa!!!!!!!

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  14. Me arrepia o espelho da minha compulsão aqui descrita. Adorei.

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