terça-feira, 10 de março de 2009

Sem acrobacias

texto de izabel xarru



Foi no circo. Claro. Precisei de umas pipocas pra engolir. E aquelas bebidas de saquinho, cor de k-suco.
Ele ia passando Gardel, fino, vestido preto, mocassim. Ela de vermelho-mosca. Os dois: vertigem.
Acendi o cigarro pra protelar.

Pra ela:- Tem fogo?
Ela sem piteira no cérebro: -Não pode fumar aqui!
Eu-bala: -Mas pode atirar (risinho escroto, vontade de vomitar).

Sabe? O tango não me serve.


Ele: -Por favor. Você....

Eu: Bolero não. Ou em segundos falaremos em vingança e gardênias.

E ele solta a mulher acetinada pra me gravar:
-Por favor, eu tentei...


E eu nada. Agora preguiça.
O macaco sobe na bicicleta.

Bolero por dentro.

Segundo turno:
Sentados na mureta, mar chuá.
Eu: - Arrede essa lua pra lá.
Ele: - Então?

Eu: -Sei lá. Pra que você acha que serve um malabarista?
Ele: -Pára. Estou agoniado.
Eu: - Que bonito. Vou tirar uma foto. Pra te esquecer mais rápido.
Ele: - E o chorinho, as promessas, o prato principal?
Eu: - Alaska. Matei o garçon.

Ele: uísque pra dois?

Isso. Enquanto, devagarinho, sumo da tela.


Um comentário: